Gostaria muito de saber por que se fala em proteção ambiental; não vejo acontecerem onde realmente deveriam. Nas cidades do interior, inclusive onde moro, a destruição de nossa biodiversidade já é uma realidade.
É notória a mudança de clima em Viçosa do Ceará, nos últimos 10 anos. Sempre sentimos orgulho de nosso clima ameno de cidade serrana, mas isso vem mudando de forma meteórica. A temperatura, que quase sempre beira os 30º, é algo que poucas vezes sentia em minha infância. Preocupo-me como meus netos conhecerão essa mesma Viçosa do Ceará.
Pratico ciclismo desde que aprendi a andar de bicicleta, logo parti para o MTB, mesmo nem sabendo o que era isso que praticava, mas graças a essa prática pude acompanhar de perto como o entorno de nossa Cidade vem mudando muito rápido. As matas, antes exuberantes, agora dão lugar a loteamentos, pequenos açudes particulares, plantações e, simplesmente, extração de madeira. Tudo sem estudo de impacto ambiental ou acompanhamento de autoridades responsáveis. Além dessas destruições visíveis aos olhos até dos mais desatentos, ainda há devastações que são mais ignoradas, já que a perfuração de poços profundos de forma aleatória e o uso desenfreado de água de nosso subsolo parecem ser algo que não cobrará um preço muito alto no futuro; se é que já não está cobrando. Será normal, nascentes diminuírem seu fluxo ou secarem por completo? Poços artesianos que nunca ficaram sem água hoje oferecerem apenas o pó do solo?
O progresso deveria chegar para melhorar a vida em nossa sociedade e não para destruir o futuro. Precisamos deixar de ser “letrados alienados”, de olhar só para o agora e para o próprio umbigo. A Viçosa do Ceará que conheci não é mais um terço daquela bela cidade que tive o prazer de vê com o olhar de criança e de adolescente. Triste das gerações futuras que, provavelmente, não irão ver nem mesmo o restante das belezas naturais que nossa região já teve um dia. Não dá mais só para cuidar do que temos hoje, precisamos recuperar muito do que já foi destruído e não podemos esperar que as autoridades façam esse trabalho. Cada um de nós deve despertar para uma consciência de preservação, não só ambiental, mas de própria sobrevivência, pois não haverá homem sem natureza.
O pior é saber que tudo que acontece em relação a esses problemas não se resume só a nossa Cidade. Toda a Serra da Ibiapaba vem sofrendo com esse descaso. Proteger a Amazônia é fundamental, mas não cuidamos nem do quintal de nossa própria casa, como podemos querer salvar algo que está a milhas de distância? O ecossistema não é uma bolha que pode ser isolada e preservada. O que a sociedade e as autoridades esperam para começar a olhar de forma séria as questões ambientais de nossa região? Problemas hídricos já são uma realidade, aumento de temperatura podemos sentir na pele. Quem um dia imaginou em usar ar-condicionado em Viçosa do Ceará? Hoje já é uma triste comprovação.
Felizes daqueles que puderam beber da Fonte do Ytacaranha com suas águas limpas e abundantes, da Fonte do Caranguejo, do Riacho dos Potós, da Bica da Pedra Lips, da Pedra do Itagurussu, do Córrego da Remelosa, da Caixa d’ água dos Pinhos, da Barragem do Chié e até da própria Lagoa Pedro II que hoje agoniza! Todos esses pontos eram fontes de água encontradas na Cidade e que não secavam ou quando acontecia era por um período de tempo curtíssimo do ano. Hoje poucas sobrevivem. Assim acontece, também, no interior de Viçosa.
Esse é um simples desabafo de uma pessoa que ama Viçosa do Ceará e vê cada vez mais intensa a destruição de suas riquezas naturais e o descaso da própria população para com essa bela terra.
Não dá para culpar só o poder público, pois não vejo esforço de praticamente ninguém, apenas alguns poucos que lutam para abrir os olhos de uma sociedade cheia de informação, mas carente de sensibilidade e precisando despertar para o renascer da solidez de uma terra alicerçada num mar de pedras e recoberta de um verde matiz de esperança, lutando para não desaparecer.
Paulo Roberto (Trator)
Seu discurso é muito real e verdadeiro, amigo. Não podemos ficar esperando pelo o outro. Refletir só não basta. Precisamos tomar algumas atitudes, mudar hábitos incorretos. Devemos reaproveitar(reciclar) algum lixo, ecomizar o uso de água e reaproveitá-la quando possível. Vamos plantar mais árvores, evitar o desmatamento e queimadas... Tem muito o que fazer, pensando no futuro e no agora mesmo. Prof. Vieira
ResponderExcluirInfelizmente parece que a sociedade viçosense fecha os olhos para tudo isso.
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